Bom dia pra quem joga a realidade da escola pública brasileira para debaixo do tapete e cria as cotas para escondê-la, para mascarar a perversidade que é passar 12 anos da sua vida num lugar sem condições de preparar o negro pobre, o branco pobre, o asiático pobre, enfim...O POBRE, para competir em iguais condições com qualquer um. Estratificar a sociedade brasileira que é oriunda de uma miscigenação maravilhosa é bem mais fácil que melhorar a educação pública não é? Então achemos justa a opção das cotas e inauguremos o sincretismo racial no Brasil. Nada faz menos sentido em nosso país que a divisão racial. Sou contra as cotas? Não. Mas elas são somente um paliativo que visa mascarar nossos reais problemas!
segunda-feira, 30 de abril de 2012
COTAS
Fico ouvindo já há tanto tempo várias reflexões a respeito da implementação do sistema de cotas para negros ingressarem em universidades públicas que resolvi escrever um pouco sobre esse assunto.
Fico sempre preocupado quando alguma medida, principalmente governamental, caminha ou pode caminhar para a estratificação da sociedade brasileira que sempre se mostrou, em suas diferenças, tão mais unificada que muitas outras que não foram oriundas da nossa miscigenação. Santa miscigenação!
Aprendemos desde pequenos a respeitar o diferente, afinal vivemos e convivemos com ele desde sempre. Claro que mesmo entre nós, brasileiros, há casos de discriminação e intolerância, mas pouco comparáveis, em intensidade e número, ao que se vê mundo afora.
“Todos são iguais perante a lei sem distinção de QUALQUER NATUREZA, garantindo-se aos brasileiros e estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à IGUALDADE.
I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações nos termos desta constituição”.
O sistema de cotas tem um apelo social muito forte já que caminha no sentido de reparar a marginalização histórica pela qual passaram os negros brasileiros, mas algumas questões me indagam fortemente: E os indígenas? E os brancos pobres? E os descendentes orientais pobres? Por que esses ficam fora do intento de justiça social de que roga o sistema de cotas?
Considero o sistema de cotas uma MASCARA. Não seria necessário reservar vagas na universidade para nenhum grupo social específico se a educação básica brasileira não fosse tão reles, tão distante do preparo necessário para pleitear uma vaga no ensino superior. A meu ver é muito mais fácil criar um sistema de cotas que resolver os problemas que envolvem o âmago da estrutura educacional básica no Brasil. Enfrentar o abandono sistêmico é muito mais difícil que tirar “um coelho da cartola”. O Brasil vive de tirar coelhos da cartola ao invés de enfrentar seus problemas.
São 12 anos de abandono nas escolas de ensinos fundamental e médio para que o jovem brasileiro venha a ser acolhido prestes a adentrar a universidade, com dificuldades enormes haja vista que sua formação foi abandonada durante todo aquele tempo. Como conseqüência disso, temos o ensino superior já não tão superior assim!
As cotas foram consideradas constitucionais pelo STF e não há em mim força para discordar, já que não tenho competência jurídica para me colocar de encontro às fundamentações expostas pelos Ministros, mas um lampejo interessante e, para meu espanto, único, foi declarado pelo Ministro Gilmar Mendes que considerou a pobreza um parâmetro mais adequado para o sistema de cotas, e não a cor da pele. Mesmo com o lampejo do Ministro as cotas nada mais são que a lona colocada sobre o olhar da sociedade diante da atrocidade que é o abandono intelectual pelo que passa um aluno de escola pública.
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